quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Escatologia

Introdução ao estudo da Escatologia

A palavra Escatologia é um termo constituído de duas palavras gregas: escathos (do original εσχατος) que se traduz por “últimas coisas” e logos que quer dizer “estudo”. Portanto, o estudo escatológico pode ser definido como sendo um conjunto de verdades a respeito do futuro da humanidade.
Essa ciência é uma parte da Teologia que trata dos últimos eventos na história do mundo como conhecemos ou o destino final da humanidade segundo os designíos de Deus. De forma mais ampla, Escatologia costuma ter relação com o plano de redenção da humanidade e as profecias cumpridas e futuras.
Tecnicamente, Escatologia é uma ciência que abrange o campo de Teologia Sistemática e estuda os temas relacionados à morte, ao estado intermediário dos mortos, o destino da Igreja, o Juízo Final, o Céu e o Inferno e os assuntos concernentes ao destino da humanidade.
Como a preocupação principal do estudo escatológico é a interpretação dos textos bíblicos e acontecimentos que remetem ao futuro da humanidade e a comprovação do cumprimento profético das revelações divinas, sua importância se torna fundamental para os estudiosos da Bíblia.
O cuidado da interpretação da revelação profética é evidenciado pelo apóstolo Pedro, quando afirma: “E temos mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração”, 2 Pedro 1:19.
As principais fontes da Doutrina das Últimas coisas, forma moderna como se define a Escatologia, são:
  1. A Bíblia Sagrada – O reconhecimento litúrgico das escrituras como sendo a revelação da vontade de Deus à humanidade torna a Bíblia a principal fonte da Escatologia Bíblica. Por sua vez, a Escatologia Bíblia é destinada aos estudos e interpretações do futuro da humanidade segunda as tradições cristãs.
  1. Dogmas e declarações doutrinárias – Os dogmas e declarações doutrinárias também são fontes de estudo escatológico. Porém, desde que estejam em conformidade absoluta com a Bíblia Sagrada.
  1. A história – As fontes históricas e relatos comprovados são fontes da Doutrina das Últimas coisas, pois comprovam o cumprimento profético da Escritura e nos ajudam a compreender os planos do Criador para o estabelecimento pleno de seu Reino.
Apesar do campo e o objetivo da Escatologia seja a interpretação das profecias bíblicas, existem divergências quanto a sua posição em diversos temas. Por exemplo, nas ideias sobre o arrebatamento da Igreja e a Grande Tribulação. Alguns admitem que o arrebatamento se dará antes da Grande Tribulação, enquanto outros dizem que poderá se dar após a Grande Tribulação.
Neste sentido, existem métodos de interpretação escatológico. O método alegórico ou figurado e o método literal e textual. O primeiro aponta a alegoria como qualquer declaração de fatos supostos que admitem interpretação literal, mas que requer a interpretação figurada da mesma forma.
O método alegórico ou figurado, procura dar significado as profecias, o que pode resultar na perda de significado para a revelação de Deus. Ao interpretar alegoricamente uma profecia de sentido literal, se está, de fato, distorcendo as Escrituras.
A interpretação literal e textual é um método gramático-histórico e se preocupa em dar um sentido literal às palavras da profecia, interpretando-as conforme o significado textual, segundo as especificações nas Escrituras Sagradas. Essa procura dar sentido literal ao texto, interpretando conforme o seu significado profético.
Mas ao crermos na revelação espiritual das Escrituras, devemos ter em mente que nem sempre seja possível uma revelação literal ou figurada dos textos, pois há alguns que apenas trazem sentido espiritual. Desta forma, qualquer um dos métodos é válido, mas sempre com precauções e cuidados.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Os sinais da volta de Cristo..

Escatologia - Sinais da vinda de Cristo

E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração” 1 Pe 4.7

No ano 70 d.C. o general Tito com seus exércitos entrou em Jerusalém e destruiu tudo, inclusive o templo. De fato, não ficou pedra sobre pedra. Quem já visitou Jerusalém tem o testemunho histórico evidenciado nos restos das muralhas e dos edifícios sagrados dos dias de Jesus. A profecia teve seu cumprimento literal.
Geograficamente, o monte das Oliveiras se destaca pela sua altura. Do alto dele se pode ver toda a Jerusalém bem como o local do antigo templo de Salomão. Mas o que chama a atenção em Mt 24.3 é o fato de Jesus ter chamado seus discípulos de modo particular e especial para profetizar sobre o futuro de Israel.

Texto para leitura: Mateus 24.3-14
3 — E, estando assentado no monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
4 — E Jesus, respondendo, disse-lhes:Acautelai-vos, que ninguém vos engane,
5 — porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
6 — E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
7 — Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.
8 — Mas todas essas coisas são o princípio de dores.
9 — Então, vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome.
10 — Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão.
11 — E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos.
12 — E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
13 — Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.
14 — E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, então virá o fim.

A certeza da volta de Jesus Cristo é a verdade mais significativa de toda a profecia bíblica.

O significado de acautelar é pôr de sobreaviso, prevenir, precaver. Esta foi a palavra que Jesus usou quando os discípulos perguntaram como seria a vinda dele e que sinal teriam. Jesus orientou-os a terem cautela para que não fossem enganados, dando-lhes uma relação dos sinais prévios à Sua vinda. Isto nos dá a entender que precisamos conhecer os sinais para ficarmos de sobreaviso, e para isto precisamos estudar a Bíblia. Conforme diz em Provérbios 22.3 “O avisado vê o mau e esconde-se...”.
Na Bíblia de Estudo Pentecostal, no texto de rodapé referente a Mt 24.11, lemos que nos últimos dias “crentes professos aceitarão ‘novas revelações’, mesmo que elas conflitem com a Palavra revelada de Deus. Isto motivará oposição à verdade bíblica dentro da Igreja. Homens pregando o evangelho misto ocuparão posições estratégicas de liderança nas denominações e nas escolas teológicas. Os tais enganarão e desviarão a muitos dentro da Igreja”.

"Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos." Mateus 24:24

Diante da declaração de Jesus sobre a queda de Jerusalém e a destruição do seu majestoso templo (Mt 24.1,2), os discípulos fizeram-lhe a pergunta-chave que originou o grande discurso profético: “Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” O texto de Mateus 24, mormente os primeiros 14 versículos, é uma profecia com abrangência histórica e escatológica. Em primeiro lugar, diz respeito a Israel e, depois, refere-se à Igreja.

"E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro." 1 João 3:3

I. PREDIÇÕES DE CARÁTER PARTICULAR (Mt 24.1-3)
Jesus, ao proferir Seu discurso público nos pátios do grande templo de Jerusalém, aproveita a ocasião para predizer sobre o futuro da cidade e do seu templo. Ele prediz a destruição antecipando o final dos tempos. Alguns fatos proféticos seriam presenciados e vividos por aquela geração, mas seriam ao mesmo tempo indícios de fatos escatológicos inevitáveis

1. A destruição de Jerusalém e do templo (vv.1,2). Um pouco antes dessa predição, os discípulos quiseram impressionar Jesus chamando-lhe a atenção para a esplêndida e forte estrutura do templo que era o orgulho de todo israelita. Para fortalecer seu discurso, Jesus então predisse a destruição de tudo aquilo ainda naquela geração.

"E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada."

2. Predições feitas num monte escatológico (v.3). E interessante destacar o monte das Oliveiras não só como um monte com histórias de vitórias e derrotas, de guerras físicas e espirituais, mas o monte no qual acontecerá o evento mais importante da escatologia cristã: Jesus Cristo descerá visivelmente sobre ele. A pergunta “Quando sucederão estas coisas” resultou da predição de Jesus sobre o templo e a cidade. Na seqüência, os discípulos queriam saber ainda sobre a vinda de Cristo, e disseram: “Que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo”. A expressão “tua vinda” é uma referência à segunda vinda pessoal de Cristo, especialmente sobre aquele mesmo monte onde estavam conversando.

II. PREDIÇÕES SOBRE FALSOS ALARMES ESCATOLÓGICOS (Mt 24.4-6)
Mateus 24.4 é uma admoestação contra os falsos sinais que seriam alardeados como se fossem os reais e verdadeiros. Diz o texto: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane”. Indiscutivelmente, essa pessoa, além de presunçosa e não conhecedora das Escrituras, é falso profeta. Quais seriam os falsos alarmes ou sinais pelos quais não podemos nos deixar enganar?
1. Falsos cristos (v.5). Nos quase dois mil anos de história do Cristianismo, centenas de falsos cristos (ou messias) têm aparecido e enganado a muita gente.
2. Guerras não-determinantes (v.6). São falsas guerras todas aquelas que não podem ser determinadas como sinais evidentes da volta do Senhor Jesus. Elas confundem porque não têm as características que determinam um sinal escatológico. Pequenas e grandes guerras têm marcado com sangue o nosso planeta. Jesus previu esse tipo de problema, e orientou-nos: “E certamente ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis porque, é necessário que isto aconteça, mas ainda não é o fim”.

III. PREDIÇÕES DE SINAIS CONCRETOS (Mt 24.7)
Não há evidência doutrinária para se afirmar que determinados acontecimentos da atualidade sejam sinais precisos da volta de Jesus. Entretanto, o modo como o Senhor indicou-os nos abre um campo de compreensão mais amplo. Entendemos que esses sinais indicam “o começo do fim” ou “o princípio de dores” (Mt 24.8).
1. A simultaneidade dos sinais. Há uma certa simultaneidade dos acontecimentos que envolvem “conflitos bélicos entre nações, fomes, pestes e terremotos”.
2. “Nação contra nação, e reino contra reino”. Tivemos duas grandes guerras mundiais. A primeira aconteceu de 1914 a 1918, e a segunda de 1939 a 1945. A destruição provocada por essas guerras mundiais é incalculável.
3. “Haverá fomes, pestes e terremotos” (Lc 21.11). Sinais como “fomes, pestes e terremotos” são fatos marcantes em nossos dias. A contaminação ambiental provocada pelo desregramento ecológico, tem envenenado os três mais importantes espaços vitais da humanidade, que são: o ar, as águas e a terra. A proliferação das doenças aumenta cada vez mais o índice de mortalidade. Misteriosas pestes desafiam a ciência assolando a humanidade. A fome traz para o panorama mundial um espectro de terror.

IV. PREDIÇÕES DE SINAIS ATUAIS (Mt 24.8-13)
1. O princípio de dores (v.8). O texto refere-se metaforicamente às dores de parto de uma mulher que está para dar à luz uma criança. São as primeiras dores decorrentes das contrações que anunciam a hora do parto. Na verdade, Jesus estava declarando que os sinais envolvendo fomes, pestes e terremotos seriam apenas sinais precursores da vinda da era messiânica, sonhada e desejada pelos judeus (1Ts 5.3).
2. A angústia na terra (v.8; Lc 21.25). Essa angústia está embutida no “princípio de dores” sentida pela humanidade e, especialmente, pela Igreja de Cristo. E, de fato, a perplexidade das criaturas diante dos sinais que se evidenciam na Terra (Lc 21.25,26); uma neurose coletiva mundial que provoca o desespero (Rm 8.20,22); é o pressentimento da chegada do fim dessa agonia (Dn 12.4). Nesses tempos de globalização da economia mundial, percebe-se a preocupação, quando apenas uma economia se descontrola e traz um desassossego total (2Ts 2.7; Ap 13.16,17).
3. A ameaça de uma Igreja mista (vv.10-13). Nestes versículos Jesus previu certos problemas que afetariam sua Igreja. Essa Igreja mista aparece na malfadada tese do Ecumenismo. Indiscutivelmente é uma falsa unidade porque dilui princípios fundamentais de formação da Igreja segundo o padrão neotestamentário. Muitos cristãos haveriam de trair a Igreja e desertá-la por causa das perseguições. A ação de “trair-se uns aos outros” refere-se àqueles que, para salvar a própria pele, entregariam seus irmãos às autoridades.
4. A multiplicação da iniqüidade (v.12). A palavra iniquidade na língua original tem a ideia de coisas ilegais ou de liberdade sem lei que a controle. Quando Jesus declarou que a iniquidade se multiplicaria estava antevendo a realidade de nossos dias. A tendência para a ilegalidade e sua prática tem sido comum entre os cristãos. O aumento da iniquidade, isto é, da violação dos princípios divinos, afetaria esse sentimento de relação com Cristo. O zelo e o desejo pela Casa de Deus perdem a sua força quando o coração é iníquo.

CONCLUSÃO
Os sinais da vinda de Jesus devem ser assunto de interesse para todos os crentes despertados e ao mesmo tempo um grande alerta para os crentes descuidados e adormecidos espiritualmente. E, assim, possam entender que, apesar dos teólogos divergirem quanto a distinguir os primeiros 14 versículos de Mateus 24 como sendo dentro da era da graça ou da Igreja, o segredo para escapar, principalmente do período dos tempos dos gentios (que antecede a Grande Tribulação — Mt 24.14), é “perseverar até o fim” (Mt 24.13).

Subsídio Doutrinário

Dois dos sinais concretos da vinda do Senhor indicados em Mt 24.7 e em Lc 21.11 merecem nossa maior atenção:
A possibilidade de uma terceira guerra mundial, com os poderes químicos e atômicos sob o domínio de algumas nações, é assustadora. Entretanto, antes de uma catástrofe global, certamente o Senhor virá e arrebatará o Seu povo da Terra.
A produção de alimentos está comprometida por causa de elementos químicos, em decorrência da ganância e da falta de temor a Deus. Só no século 20 a estatística mundial apresenta mais de 6.500 terremotos. Percebe-se, então, uma certa simultaneidade entre os sinais catastróficos que prenunciam a volta do Senhor.

Subsídio Teológico
A respeito dos sinais atuais devemos entender ainda que:
No original grego a expressão “princípio de dores” (v.8) dá a ideia de trabalho de parto. Porém, trabalho de parto de quem?
O contexto refere-se ao Messias, porque todo o texto prenuncia a vinda do Messias (Is 26.16-19; Mq 4.9,10; Ap 12.1-5; 1Ts 5.3).
É impossível haver unidade em denominações cristãs que admitem confissões idolátricas e diluem verdades indissolúveis da Palavra de Deus. Falsos e verdadeiros cristãos estariam juntos, mas não demorariam a revelar suas identidades. Várias parábolas de Jesus mostram as diferenças entre o falso e o verdadeiro, o puro e o impuro, o pecador e o santo. Parábolas como as do joio e o trigo, da rede que ajunta peixes de toda espécie, das dez virgens, das ovelhas e dos bodes, etc. Nos dias que antecedem a Sua volta, Jesus prediz que haveria uma mistura não saudável no meio do seu povo (vv.10-13).
Naqueles dias, as autoridades judaicas e romanas, ordenaram a morte de muitos judeus-cristãos. Não será diferente nos dias que antecedem a volta de Cristo. Uma mistura de idéias e doutrinas anticristãs tem, indubitavelmente, levedado a massa da doutrina genuinamente cristã. São os falsos profetas (Mt 24.11), motivados por interesses egoístas e demoníacos, torcem a Palavra de Deus e a interpretam ao seu bel-prazer. Eles injetam na vida da igreja o veneno de conceitos libertinistas, desvinculados completamente dos princípios divinos. Esses conceitos platonizam o amor verdadeiro ao Senhor e o tornam um sentimento de amor egoístico, baseado na auto-afirmação e no prazer carnal.
O inverso de iniquidade é equidade, que é o reconhecimento do direito de cada um. Diz respeito ao tratamento com igualdade, retidão e justiça. Uma das características típicas do Diabo é o egoísmo, que tem se manifestado terrivelmente em nossa sociedade. A multiplicação da iniquidade afetaria a Igreja (Mt 24.12). Jesus declarou que por causa disto “o amor de muitos se esfriará”. Que tipo de amor é este que o texto se refere? É o amor comprometido com Cristo e com Sua Igreja.

JESUS ESTÁ ÀS PORTAS, mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente O Pai. (Mt 24.36)